O prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (sem partido) e seus aliados, têm se esmerado em enaltecer as virtudes de seu governo que exibe um conjunto de obras e realizações, em boa parte impulsionadas por uma parceria com o governo estadual, aquinhoado com recursos que tiveram origem na concessão de uma parte dos serviços da Cedae à iniciativa privada.
Wladimir, não raramente, recorre à memória ao olhar no retrovisor quando aponta as dificuldades enfrentadas pela herança (realmente trágica) de seu antecessor Rafael Diniz. De fato, Wladimir (sempre com o governo estadual) conseguiu solucionar em breve tempo os problemas cruciais como o atraso dos salários e outros benefícios dos servidores para tocar a administração municipal em seu início de governo.
Resta saber quando Wladimir vai abrir mão dos recursos do governo estadual, transformando o governador Cláudio Castro numa espécie de “prefeito de Campos” e utilizar os faustos recursos do orçamento bilionário da prefeitura para realizar obras de infraestrutura no município. Vai deixar o povo sofrer um pouco mais para só depois realizar ou inaugurar às vésperas da eleição?
Apesar dos reparos foi um início de governo exitoso. No entanto, os anos que se seguem estão a exigir do gestor respostas para heranças que não apenas Rafael Diniz, mas sua própria família deixou. Definitivamente, o transporte público de passageiros não funciona em Campos, problema que se arrasta sem solução há anos, talvez décadas.
Primeiro, implantaram um programa de tarifa a R$ 1,00, mas, a partir de um dado momento, as empresas se queixavam da defasagem. Apesar das dezenas de milhões repassadas pelo poder público a cada ano, alegavam que as receitas do sistema não acompanhavam os custos operacionais com os constantes aumentos de insumos e outros itens de despesas.
Os resultados imediatos não tardaram para a agonia dos usuários. Falta de ônibus em algumas linhas, atrasos de horários, veículos sucateados, quando não constantemente enguiçados, deixando os passageiros literalmente a pé.
O sistema era tão ruim que o transporte clandestino, com veículos de passeio sem nenhuma condição de tráfego, passou a ocupar espaço e a preferência dos passageiros pelo preço acessível e pela falta de ônibus.
Superado o problema do transporte clandestino e eliminado o chamado “terminal da vergonha” de Rafael Diniz, que impunha sérios sacrifícios aos moradores da Baixada Campista, sobreveio a crise e a ausência de ônibus, substituída pelas vans que praticamente ocupam todas as linhas na Baixada, onde passageiros são transportados feito sardinha em lata num transporte precário e arriscado, onde mulheres grávidas e idosos “levam o raio” e estes últimos disputam espaços “a tapas” com os não isentos.
Ah, se o prefeito, secretários e vereadores tivessem a curiosidade de pegar um ônibus ou uma dessas vans no horário de pico… O recado em forma de sugestão também vale para o presidente do IMTT.
Agora, aparecem como solução as tais estações de integração do sistema de transporte que, segundo o governo, “estão sendo construídas em áreas após estudos técnicos preliminares realizados por engenheiros do IMTT e da Secretaria de Planejamento Urbano, Mobilidade e Meio Ambiente, visando facilitar o trânsito, o deslocamento dos operadores (ônibus e vans) e beneficiar toda a população”.
A pergunta que se impõe é: o usuário, as empresas e os demais operadores do sistema foram ouvidos ou se trata de mais uma decisão tomada nos gabinetes da burocracia oficial sem uma consulta aos interessados?
Concluídas as obras das estações haverá ônibus que falta hoje aos passageiros em várias linhas que apresentam deficiência no transporte por conta das empresas?
As mesmas empresas que tomaram dinheiro do Fundecam e não honraram seus compromissos com o poder público, usando os recursos do erário sem prestar contas.
O IMTT aponta que, recentemente houve um acréscimo de cerca 20 ônibus que já estão operação desde o início do programa do subsídio do óleo diesel. Mas há bairros e regiões onde abundam reclamações dos usuários.
Não haveria espaço para a criação de uma empresa pública de transporte para mostrar a resposta do poder público às empresas no sentido de suprir as linhas onde as mesmas se mostram ausentes? Lembrem-se que, no passado, havia a CTC (governo estadual) que prestava excelente serviço à comunidade campista. Não haveria espaço também para punir com rigor empresas que usam a concessão sem a devida contrapartida?
São dúvidas e questionamentos que pairam em meio a agonia do povo sofrido que usa o transporte público em Campos.
Redação Agora
Foto: Ascom PMCG