editorial

O Hotel Flávio foi demolido; e aí? Quem se beneficia?

Não faz muito tempo o Hotel Flávio, demolido na última segunda-feira de Carnaval, em Campos, foi tema de um embate entre um influenciador campista e um jornalista. O influenciador defendia a demolição imediata do que havia sobrado do Hotel após o incêndio. Já o jornalista defendia a reforma e reconstrução do local, tombado pelo Conselho de Preservação e Patrimônio Histórico e Cultural de Campos (Coppam).

O influenciador alertava para uma tragédia iminente, e defendia a vida de quem por acaso passasse pelo local. O jornalista disse então que ele prestava um desserviço ao pedir a demolição imediata do prédio. Não há nenhum prédio, velho ou novo, tombado ou não, que valha uma vida sequer. No entanto, ao defender a demolição imediata de um prédio tombado pelo Coppam, o influenciador colocou todos os seus seguidores contra o processo de reforma e recuperação do prédio, que ao contrário do que todos disseram, era possível.

Defender um prédio prestes a cair, é uma tarefa hercúlea, e sobretudo ingrata. O Coppam briga com proprietários de imóveis, advogados, poder público, opinião pública, as tias do WhatsApp e agora com influenciadores.

O que restava de fachada do Hotel Flávio foi ao chao. E como sempre gosto de fazer, parafraseando o Batman: quem se beneficia? Quem lucrou com a queda do que restava do Hotel Flávio? Os proprietários? A população que não corre risco de morte? Agora só restarão as lembranças do que foi e a ideia do que poderia ter sido.

O tombamento de um prédio histórico, ainda que carcomido pelo tempo, é a tentativa de manter intactas não só a estrutura, mas também a memória e a história daquele local. É tentar manter a história viva para as futuras gerações. Infelizmente, não houve em todos esses anos um acordo entre os proprietários e o poder público.

O certo é que em um embate entre opinião pública, poder público e agentes culturais, quem perde é a população que tem a cada prédio destruído, um pouco da sua memória deletada.

Para que outros prédios históricos não tenham o mesmo fim que o Hotel Flávio, é preciso que a preservação da nossa história e a nossa cultura, sejam respeitadas. Frases de efeito, reels e likes e podcasts não bastam.

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