Parte do terreno da antiga Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, se tornou oficialmente o local do assentamento Cícero Guedes, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A portaria que formaliza a criação do assentamento foi assinada pelo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Cesar Aldrighi, na tarde da última terça-feira (22).
O território da Usina Cambahyba é formado por sete fazendas que somam cerca de 3,5 mil hectares. Estruturada como uma usina de produção de açúcar, o local foi utilizado na ditadura militar para incinerar corpos de ao menos 12 presos políticos.
A deputada estadual Marina do MST (PT) classifica a criação do assentamento Cícero Guedes como a “maior conquista da história fundiária” do estado do Rio. “Um lugar símbolo da barbárie, onde dezenas de pessoas foram mortas, incineradas durante a ditadura, por já denunciarem, entre outras coisas, a concentração de terras na mão de poucos neste país, vai ser destinada à reforma agrária”, comemora a parlamentar.
História – A luta pela terra da Usina Cambahyba tem quase três décadas e não foram poucas as ocupações e as mobilizações para que o território fosse destinado à reforma agrária.
Em 1998, a área foi decretada pelo governo federal para fins de reforma agrária. Anos mais tarde, em 2012, o local foi considerado improdutivo pela Justiça. Porém, a desapropriação que destinou a área ao Incra só veio há dois anos.
Um mês após a Justiça decretar a desapropriação, no dia 24 de junho de 2021, centenas de famílias de trabalhadores rurais organizados pelo MST reocuparam uma das fazendas do Complexo da Cambahyba. A última ocupação foi estruturada em 2012 e permaneceu até meados de 2019.
Desta vez, a ocupação prestou homenagem a Cícero Guedes, liderança do MST que foi brutalmente assassinado nos arredores da usina há 10 anos. Na esperança da criação do assentamento, as famílias seguiram organizadas para a produção de alimentos.
Em dois anos de existência, as famílias produzem grande variedade de alimentos produzidos sem agrotóxicos: aipim, milho e feijão, além de diversas frutas, como banana, limão, laranja e acerola.
Com informações do Brasil de Fato