Idealizado e coreografado por Bruno Duarte, o espetáculo de dança Formigueiro, que usa técnicas de break, krump e gestos experimentais na sua composição, realiza apresentações gratuitas no mês de agosto e discute a relação sujeito x coletivo, com um olhar macro para a coreografia existente nas interações das pessoas no meio urbano.
Após apresentação no Festival de Inverno, em Nova Friburgo, a peça chega ao Teatro Sesi Campos, dia 17 de agosto. Contemplado no Edital de Chamada Emergencial Nº 09/2023 “GIROS RJ” do Governo Federal, Ministério da Cultura, Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, o solo de dança reflete as multidões que se aglomeram em diversas situações cotidianas, como nas ruas e nos transportes públicos, e questiona: O que afeta e como se é afetado?
A construção deste espetáculo tem como objetivo reforçar uma atitude ativa, libertadora, transgressora, estruturada a partir da valorização de aspectos da autorreflexão, da crítica criativa e do ativismo, pontos importantes para o fortalecimento de uma resistência às representações do racismo e do colonialismo nas práticas de criação em dança.
“A ideia é mostrar que há uma espécie de metamorfose diária a cada vez que se percorre um caminho de um ponto a outro das grandes cidades. E como o gestual de um sujeito é diretamente impactado pelo movimento do coletivo”, explica o diretor e coreógrafo, Bruno Duarte.
Partindo da premissa que essas pessoas se relacionam, se atravessam e cruzam o caminho umas das outras, a metáfora do formigueiro abriga a mescla de um indivíduo em muitos. Na criação desta coreografia, o artista busca observar como o movimento do coletivo influencia no seu próprio corpo, e de que maneira ele pode se expressar para reverberar, em cena, a potência dessas transformações.
“São gestos e danças que buscam restaurar o encantamento do mundo, favorecendo a constituição de saberes pretos como modalidades críticas ao racismo. Ainda mais quando se analisa os impactos sofridos por um homem preto, que transita entre as áreas periféricas e centrais, com as vestes que me identificam como um artista das danças urbanas”, pontua Bruno.
Nos bate-papos, realizados após cada apresentação, haverá tradução em libras e, no dia 25 de agosto, a apresentação contará com audiodescrição durante o espetáculo. Este recurso é uma inovação, onde o bailarino descreverá minuciosamente cada movimento executado para os deficientes visuais terem melhor interpretação das cenas. Esta apresentação será realizada no Teatro Cacilda Becker, e encenada pelo dançarino Guilherme Andrade, conhecido pelo nome artístico de Romec.
Será a sua estreia neste solo sob a direção de Bruno Duarte que também ministrará uma oficina de Krump, das 15h30 às 17h. Além disso, após as apresentações haverá um bate-papo com o coreógrafo Bruno Duarte.