cultura

Espetáculo amapaense “Lugar da Chuva” em cartaz nesta sexta-feira no Sesc, em Campos

Uma trajetória de dois viajantes navegando por terras amapaenses é o pano de fundo para o espetáculo “Lugar da Chuva”, que fará circulação a partir da próxima sexta-feira (13), no Sesc Campos, seguindo  temporada em Ramos, São Gonçalo, Niterói e Caxias. A peça é fruto do intercâmbio entre o coletivo amapaense Frêmito Teatro e o Agrupamento Cynétiko, grupo paulistano que viajou até Macapá para colaborar na criação do espetáculo.

Lugar da Chuva é o significado da palavra amapá, que diz-se ser originária da família tupi-guarani. A proposta do trabalho é apresentar uma visão sobre o Amapá tanto do ponto de vista de quem é nativo, quanto do olhar “de fora”, buscando um lugar de troca onde se possa construir a reflexão. Segundo a direção do espetáculo, o roteiro é fruto das experiências vividas durante uma viagem pelo território amapaense, em novembro e dezembro de 2017. 

“O espetáculo é uma viagem afetiva e poética pela Amazônia amapaense, fruto de uma residência artística na cidade de Macapá e seus arredores. A dramaturgia cartográfica, que organiza o texto por ilhas, navega por diversos locais na foz do Rio Amazonas, reinventando cenicamente as sensações e reflexões que atravessam os corpos durante o seu percurso entre a cidade e a floresta, entre o mato e concreto, entre o rio e a rua”, explica Otávio Oscar, diretor e produtor do espetáculo. 

Durante a residência, os coletivos acionaram vivências criativas em locais significativos do entorno da capital, Macapá, compartilhando a criação de maneira colaborativa e processual. “O atravessamento mútuo entre os artistas e os ambientes nutriram a construção da dramaturgia, do vídeo e da direção de arte. Na sala de ensaio, a experimentação criativa buscou reimaginar, poética e cenicamente, lugares como a Fortaleza de São José, marco colonial da cidade, a Ilha de Santana, com sua floresta de samaúmas e o bairro do Araxá, com suas palafitas urbanas”, completa Otávio.

No início da peça, os atores Raphael Brito e Wellington Dias abrem mão da chamada “quarta parede” – a separação entre palco e plateia – para recepcionar o público e convidá-lo para entrar em um barco imaginário, por onde a viagem inicia. A partir daí, num jogo narrativo onde não há personagens fixos, eles vão conduzindo a imaginação do espectador por diversos locais reais e fictícios do Amapá. “O texto escrito por Ave Terrena, levantado a partir da sua vivência na cidade, é definido pela autora como uma ‘dramaturgia cartográfica’, onde cada cena é uma ilha independente, mas que está em composição com o todo, apostando numa ousada mistura de fluxo narrativo e poético nas falas”, pontua o ator Raphael Brito. 

O cenário proposto pela cenógrafa Daniele Desierrê é minimalista, com peças compactas e modulares, feitas para se adaptarem a diferentes espaços. Com isso, as peças podem compor elementos visuais táteis e olfativos, que fazem parte do modo de vida na Amazônia. Boa parte dos elementos utilizados foram coletados por ela durante a residência em Macapá e Santana. 

“Apesar de investir em uma linguagem poética, o espetáculo busca sensibilizar o público para um movimento de reflexão política, abordando de forma crítica alguns temas que são urgentes e atuais para a sociedade amapaense, como os problemas sociais, ecológicos e urbanísticos que estão na pauta do momento”, finaliza Otávio.

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