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Alvo da PF, Santa Casa convive há anos com salários atrasados, disputas e denúncias ao MP

Com mais de 230 anos de história, a Santa Casa de Misericórdia de Campos se destaca como um hospital de referência cardíaca em todo o estado. No entanto, isso nunca impedeiu que a instituição, provavelmente a mais longeva e importante na saúde pública da nossa região, convivesse há anos com disputas internas, atrasos de salários, e agora virou alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF).

Na quinta-feira (10) a PF deflagrou a Operação Expulsão dos Batavos, com o objetivo de apurar irregularidades na contratação de uma empresa para fornecer insumos médico-hospitalares à Santa Casa. De acordo com a investigação, a contratação da empresa supera o valor de R$ 3 milhões e foi direcionada. Além disso, os insumos médico-hospitalares foram adquiridos com valores superfaturados, e boa parte dos materiais comprados sequer chegou a ser entregue à Santa Casa

A Justiça também determinou o afastamento dos gestores da instituição – que também estão proibidos de ingressar no hospital –, bem como a quebra dos sigilos bancários e o sequestro de bens dos envolvidos. Manoel Corraes Neto, Cléber Glória Silva, Maurício Piraciaba e Hélcio Angelo da Rocha foram os indiciados e também estão proibidos de manter contato com funcionários de setores específicos da Santa Casa.

Os indiciados poderão responder pelo crime de peculato, cuja pena pode chegar a 12 anos de prisão, além de outros crimes que possam ser revelados no decorrer das investigações. Quem assume a provedoria e a direção da Santa Casa é o médico Carlos Alberto Machado, que já havia assumido o hospital em 2023, quando o provedor Manoel Corraes licenciou-se do cargo.

Histórico de problemas – A Santa Casa de Misericórdia de Campos, convive com denúncias de corrupção, salários atrasados e várias polêmicas há anos. Não foi a primeira vez que o hospital enfrentou o Ministério Público. Em 2014, O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) afastou o provedor Benedito Marques, que faleceu nesse ano, em 2024. A decisão na época, foi tomada após três médicos, que foram demitidos da instituição, terem procurado o Ministério Público Estadual e denunciado a má prestação de serviço da unidade de saúde, que teria resultado na morte de pelo menos sete pacientes em apenas um ano.

Já naquele ano, o o hospital lidava com o problema de constantes atraso de salários de todos os funcionários. Atrasos que acontecem até os dias de hoje. Funcionários que podem para não serem identificados, relatam que o FGTS de vários colaboradores nunca foi depositado, ou não foi depositado corretamente.

Em nova polêmica que resultou no afastamento dessa mesma diretoria investigada hoje pela PF, em maio do ano passado, 2023, o diretor clínico Cléber Glória, pediu afastamento do cargo e o provedor, Manoel Corraes, deixou a provedoria alegando motivos de saúde. No entanto, semanas antes, Cléber esteve envolvido em uma pauta polêmica. Após cobrança de funcionários nas redes sociais pedindo o pagamento de seus salários, Cléber também usou as redes para citar o prefeito Wladimir Garotinho, para justificar o atraso no pagamento dos salários. Segundo Cléber, o atraso no repasse por parte da prefeitura de Campos, acarretaria o não pagamento dos funcionários do hospital.

A queda de braço nas redes sociais em 2023 foi o ponto de partida para o afastamento da diretoria. Wladimir alegou que os repasses estavam em dia, colocou provas e documentos no porta da transparência e defendeu-se da acusação. Poucas semanas depois Corraes licenciou-se do cargo e Glória pediu seus afastamento. Agora, os mesmos personagens estão novamente afastados, dessa vez indiciados pela Polícia Federal.

Sigilo – O delegado Paulo Cassiano, responsável pelo inquérito, afirmou que não pode fornecer mais informações. O processo está gravado e corre em segredo de justiça, além de não permitir que o trabalho seja prejudicado pelo vazamento de informações.

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